segunda-feira, abril 09, 2007

Que não existe, mas que é a melhor coisa que há!

O amor não existe e é a melhor coisa que há. Não existe porque não existe mesmo. O que existe é um conjunto de situações naturais e provocadas com causas e consequências que nos são agradáveis. E é a melhor coisa que há porque uma vez envolvidos numa dessas situações sentimos um nível de prazer e bem-estar que são inalcançáveis de outra forma.

Existem vários tipos de amor. O amor-próprio, o amor a bens materiais objectivos, o amor a Deus, o amor aos filhos, e, o amor a outra pessoa, normalmente do sexo oposto.
Amor-perfeito só existe no mar, mas o mais perfeito é o amor-próprio. É quando nós gostamos de nós mesmos. Quando temos orgulho em sermos o que somos. Porque só gostando de nós podemos gostar dos outros. E se nós não gostarmos de nós, quem vai gostar?

O amor a qualquer bem não é o amor ao bem, mas ao prazer que o bem nos proporciona. Nós gostamos de dinheiro porque com ele podemos comprar chocolates saborosos, e gostamos de chocolates porque os podemos saborear.
O amor a Deus é o amor a algo que nós temos para justificar a nossa existência, e para nos dar protecção e segurança, porque nós temos medo da nossa fragilidade.
O amor paternal é um amor natural. Todas as mães de todas as espécies protegem os seus filhos para garantir a sobrevivência da espécie. Pura natureza. O que nos dá prazer é o que entra ou sai do nosso corpo físico. A coisa mais completa que sai do nosso corpo é um filho.
E por fim o amor a outra pessoa. Que não é amor; é sexo. Não existe amor sem sexo. Explícito ou implícito. Quando dizemos que gostamos de outra pessoa não é dela que gostamos. Gostamos daquilo que ela nos dá, gostamos dos bens, gostamos da companhia, gostamos da ajuda, gostamos do prazer e do bem-estar, gostamos de carinho e de ternura. E gostamos de sexo porque é a melhor coisa que há.
Gostamos de receber. Mas para alguém nos dar alguma coisa é porque gosta de nós. Gostar de nós não é gostar de nós, é gostar de receber algo de nós, e completa-se o ciclo. Gostamos de receber, mas a outra pessoa só dá se também receber. Amar é dar e receber. Quanto mais se dá mais se recebe. Quanto mais se recebe mais se gosta. Quanto mais se gosta mais se dá. Quanto mais intenso for este ciclo maior será o amor. Dar é a única opção pessoal neste ciclo. Se deixarmos de dar quebramos o ciclo. Quanto mais quebrarmos o ciclo mais o amor se perde.
A intimidade e o sexo são as coisas mais individuais que temos. O acto sexual é darmos o que temos de mais “nosso” e receber da outra pessoa o que ela tem de mais “dela”. Quando realizado sem diferentes intenções é o auge do amor. É atingir mutuamente um nível de satisfação e de bem-estar supremo, quase divinal.
Cada pessoa sente para si o prazer que recebe, mas como já conhece as reacções da outra sabe que esta também está feliz pelo prazer que a primeira lhe proporcionou.
O amor é uma troca de prazeres. Uma troca de coisas boas. Não se troca amor. O amor em si não existe, não se define e não se explica. Dão-se e recebem-se “coisas boas”, materiais ou não, que nos dão equilíbrio emocional, bem-estar e felicidade e a este conjunto nós chamamos amor, que não existe, mas que é a melhor coisa que há.
P.S: Talvez seja a falta de 1,60 m!
Sempre con voi,
Cabrão de Nafarros, Mestre.

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