Sem conteúdo de aprendizagem!

Ponho-me parvo no café e reparo no meu povo, no nosso povo!
O povo lusitano!!!
Conversa aqui e ali. Sempre atento e depreendo o seguinte!

Está no senso comum de cada um que nível de stress de um bravo cidadão lusitano é inversamente proporcional à quantidade de “foda-se!” que ele diz. Existe algo mais simples do que o conceito do “foda-se!”?

O “foda-se!” aumenta a auto-estima lusitana, torna uma pessoa melhor. Reorganiza as coisas. Liberta-me. “Não quer sair comigo?! – então, foda-se!” “Vai querer mesmo decidir essa merda sozinho(a)?! – então, foda-se!”.

O direito ao “foda-se!” deveria estar assegurado na Constituição.

Os palavrões não nasceram por acaso. São recursos extremamente válidos e criativos para dotar o nosso vocabulário de expressões que traduzem com a maior fidelidade os nossos mais fortes e genuínos sentimentos. É o povo a fazer a sua língua. Como o Latim Comum, será esse Português Comum que vingará plenamente um dia.“Comó caralho”, por exemplo.

Que expressão traduz melhor a ideia de muita quantidade que “comó caralho”?
“Comó caralho” tende para o infinito, é quase uma expressão de índole matemática. A Via Láctea tem estrelas comó caralho! O Sol está quente comó caralho! O universo é antigo comó caralho! Eu gosto do meu clube comó caralho! O gajo é parvo comó caralho! Compreendem-me?

No género do “comó caralho”, mas, no caso, expressando a mais absoluta negação, está o famoso “nem que te fodas!”. Nem o “Não, não e não!” e tão pouco o nada eficaz e já sem nenhuma credibilidade “Não, nem pensar!” o substituem. O “nem que te fodas!” é irretorquível e liquida o assunto.Liberta-te, com a consciência tranquila, para outras actividades de maior interesse na tua vida.

Aquele filho na idade da prateleira atormenta os pais pedindo o carro para ir surfar na praia? Logo:

“Gonçalinho, presta atenção, filho querido, nem que te fodas!”.

O impertinente aprende logo a lição e vai para o Centro Comercial encontrar-se com os amigos, sem qualquer problema!

Há outros palavrões igualmente clássicos.
Pense na sonoridade de um “Puta que pariu!”, ou o seu correlativo “Pu-ta-que-o-pa-riu!”, falado assim, cadenciadamente, sílaba por sílaba. Diante de uma notícia irritante, qualquer “puta-que-o-pariu!”, dito assim! A quem adicione “Puta que o pariu, chapéu de côco!“

Há ainda o caso particular dos Cabrões! “oh puta deita-te e vê se descansas que estás com umas olheiras fodidas! “ A qualidade exponencial de mandar tuda há merda!

Ainda melhor é a conjugação o emparelhamento natural, como entre muitos: " Filho da mãe! Cabrão dá merda!".

Realmente este é único, não somos todos filhos da mãe? Do pai é que é mais dificil se for Cabrão orgulha-se!

Os nossos cornos têm o devido tempo para se reorganizarem e encontrarem a atitude que te permitirá dar um merecido troco .

E o que dizer do nosso famoso “vai levar no cu!”? E a brilhante e reforçadora derivação “vai levar no olho do cu!”? Já imaginaste o bem que alguém faz a si próprio e aos seus quando, passado o limite do suportável, se dirige ao imbecil do seu próximo e diz: “Chega! Vai levar no olho do cu!”?
Pronto, a tua auto-estima, no auge!

Desabotoas a camisa e sais à rua, vento batendo na face, olhar firme, cabeça erguida, um delicioso sorriso de vitória e renovado amor íntimo nos lábios.

E seria tremendamente injusto não registar aqui a expressão de maior poder de definição do Português Comum: “Fodeu-se!”. E a sua derivação, mais avassaladora ainda: “Já se fodeu!”.
Conhecem definição mais exacta, simples e arrasadora para uma situação que atingiu o grau máximo imaginável de ameaçadora complicação?

Expressão, inclusive, que uma vez proferida insere o seu autor num providencial contexto interior de alerta e auto-defesa. Algo assim como quando estás a sem documentos do carro, sem carta de condução e ouves uma sirene de polícia atrás de ti a mandar-te parar. O que dizes? “Já me fodi!”

Ainda tou á espera que me aconteça! O simplex é so para empresas não para particulares. Uma empresa 30 minutos um Bilhete de Identidade 5 dias! Úteis!

Ou quando se apercebem que são de um país em que quase nada funciona, o desemprego não baixa, os impostos são altos, a saúde, a educação e … a justiça perneta, os empresários são de pouca qualidade e procuram o lucro fácil e em pouco tempo, as reformas têm que baixar, o tempo para a desejada reforma tem que aumentar … tu pensas “Já me fodi!”



Saudações do retornado,

Mestre Cabrão de Nafarros.